A Década do Esporte.

Há um anúncio bobo, ufanista, veiculado na televisão em que uma marca de material esportivo alardeia: “Esta é a década do esporte no Brasil.”

Que bom seria se essa vinheta fosse verdadeira. Essa seria, sim, a década do esporte se víssemos o país implantar uma política esportiva de estado, desapegada de motivações políticas, que levasse a educação física a todas as escolas públicas do Brasil, no prazo de dez anos.

Se as autoridades governamentais das áreas do esporte, da saúde e da educação, discutissem um plano que vinculasse atividades comuns a esses três setores, que são intimamente interligados. Mas que no Brasil caminham totalmente dissociados

Seria tão bom se o Congresso Nacional criasse uma CPMI para depurar como e aonde são gastos cada centavo de dinheiro do povo destinado às Confederações e ao Comitê Olímpico Brasileiro. Se Deputados e Senadores criassem novas leis, que obrigassem as entidades dirigentes do esporte nacional a serem mais democráticas e transparentes. Que os recursos públicos, inclusive das estatais, fossem majoritariamente aplicados em projetos sociais do esporte.

Se a Educação Física fosse uma disciplina tão valorizada na grade escolar, como são português, matemática, geografia e história. Se fossem recuperadas, a preços justos, uma infinidade de praças esportivas espalhadas pelo Brasil, hoje completamente abandonadas, mas que quando foram erguidas custaram muito dinheiro aos bolsos dos contribuintes. E se essas mesmas praças de esporte estivessem à disposição das populações jovens, da terceira idade, que pudessem inserir no seu cotidiano a prática saudável do exercício físico, devidamente orientadas por profissionais especializados.

Se fosse inserida na grade curricular aulas de educação olímpica. Se houvesse uma lei que determinasse que, após a Copa do Mundo, alguns dos estádios construídos com financiamento do BNDES, pricipalmente os do Norte e Nordeste, fossem transformados em centros populares de desenvolvimento do atletismo. Tais estádios já deveriam ser projetados de forma a, findo o mundial de futebol comportarem pista de atletismo.

Mas essa “década do esporte” não será nada disso. Serão os anos das grandes obras faraônicas, que certamente serão superfaturadas. E que resolverão os problemas de muita gente. Menos do esporte brasileiro.

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6 comentários em “A Década do Esporte.

  1. Adorei!!!
    Ao mesmo tempo fico triste, pois não acredito que os gestores esportivos tenham sensibilidade, vontade ou, até mesmo capacidade, para promover o verdadeiro crescimento esportivo no Brasil.

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  2. Pra mim essa publicidade nao estah de acordo com a sua critica. O anuncio termina PERGUNTANDO: vamos fazer do Brasil o país dos nossos sonhos?
    Ou seja, para mim ele funciona pra provocar.
    Agora, que eh a decada do esporte, é, sim senhor. TEREMOS SIM COPA E OLIMPIADAS AQUI, O MUNDO ESTARAH OLHANDO PRO NOSSO PAÍS em FUNCAO do ESPORTE.
    Isso eh fato. Agora que pais seremos DEPOIS? Cabe a ti tb ajudar a construir. O Brasil eh vc, eu, outros.

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  3. Pedro, preferia eu estar comentando sobre a “DECADA DO ESPORTE” comemorando os excelentes trabalhos que deveriam ser desenvolvidos por nossos poderes executivos/legislativos junto aos nossos atletas, coisa que não vem sendo feito a mais de décadas.
    Preferiria eu que o mundo olhasse para atletas brasileiros competitivos ao invés de estarem olhando apenas os eventos(COPA/OLIMPIADAS).
    Procure mais informações sobre como são tratados nossos atletas e como são investidos as verbas para o esporte e depois me fale se realmente essa é a década do esporte no Brasil.

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  4. Muito bom, Alberto, realmente adorei o que li aqui. Sou estudante do curso de Educação Física e me lembro perfeitamente de meus professores falando exatamente assim, como você que, por um lado, me deixa feliz por estar vivendo e aprendendo com pessoas que querem o bem, mas por outro, o negativo, temos assuntos que não gostariamos de ter que comentar, como corrupção, criminalidade, entre outros. Tive a matéria de Políticas Públicas no semestre passado (4º semestre do curso) e vi um mini pedaço das políticas públicas esportivas que temos nas escolas, bairros, cidades, estados e no Brasil. Não gostei tanto assim do que fiquei sabendo, pois há muito desleixo por parte dos governantes, mas há intensa boa vontade, competência e conhecimento de inúmeros profissionais de Educação Física e outros profissionais, mas que sem auxílio político, não fazem milagres todo dia. Desejo que no meu dia-a-dia dessa profissão, eu possa ajudar a melhorar e também ler noticias sobre as mudanças positivas desse quadro atual.

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  5. João Batista Marques abril 27, 2012 — 5:53 pm

    Muito bom Alberto. Sou professor de Educação Física faço parte do Centro de Estudos Olímpicos da UFRGS e estou montando um projeto de mestrado que visa um estudo da realidade do nosso esporte de alto rendimento e o que precisa ser mudado para um dia sermos realmente um país olímpico. Tenho acompanhado muito o seu blog e te confesso que tens me auxiliado e muito no meu caso de estudo, inclusive se tiveres algum outro material para que eu possa estudar sobre o assunto, te agradeço. Parabéns!

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  6. Obrigado João? Que tipo de material interessa a Você? Abraços. Alberto

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