O Faz de Conta das Olimpíadas Escolares do Comitê Olímpico Brasileiro.

Vocês devem ter lido nesses dias alguns textos enaltecendo as Olimpíadas Escolares, promovidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (“COB”). São artigos “chapa branca”, redigidos por jornalistas que estão a serviço de seu patrão, o próprio COB. A verdade é que o esporte escolar encontra-se desprovido de assistência.

Quando Agnelo Queiróz assumiu o Ministério do Esporte, no primeiro mandato do governo Lula da Silva, a Lei Piva já estava em vigor há dois anos. Sancionada em junho de 2.001, faltava, entretanto, regulamentá-la. Enquanto isso não ocorria, os 10% que deveriam ser destinados ao desporto escolar e os 5% ao desporto universitário eram depositados em uma conta especial, do COB e do Comitê Paraolímpico Brasileiro, até que o Decreto regulamentador determinasse a sua forma de utilização. Havia, portanto, um bom dinheiro depositado nessas contas, para o desporto escolar e universitário.

Nuzman nunca foi favorável a repassar para o desporto escolar e universitário essas quantias que, por lei, lhes pertence. Eu mesmo já ouvi isso do próprio Nuzman.

Agnelo Queiróz assumiu o Ministério do Esporte com um orçamento miserável. Não havia como o Ministério do Esporte realizar os Jogos Escolares. O governo não tinha dinheiro para isso. A única solução foi utilizar aquele dinheiro da Lei Piva, depositado naquela conta separada do COB, para realizar aquilo que se passou a chamar Olimpíada Escolar e Olimpíada Universitária, sendo o COB o promotor desses eventos.

Assim, num canetaço, o Ministro do Esporte, Agnelo Queiróz transferiu para a competência do COB competições históricas, como eram os Jebs (Jogos Escolares Brasileiros) e os Jubs (Jogos Universitários Brasileiros), que até então eram de competência do Ministério da Educação (MEC). O MEC, por sua vez, completamente desinteressado das questões da educação física, ficou feliz da vida com a atitude de Agnelo Queiróz, de assumir tais jogos e, ato contínuo, repassá-lod para o COB. Na cabeça do governo eles estavam livrando-se de uma “despesa”.

Essa é a forma como o esporte educacional é tratado no Brasil. É um jogo de empurra.

Deve-se questionar o governo federal que sequer exige do COB, com relação a esses Jogos, comprometimento pedagógico e educacional do esporte. Os eventos até que são plasticamente bem organizados. Mas não há por parte do COB, o órgão responsável pelo Olimpismo, quaisquer vínculos com programas de educação física e pedagogia do esporte aplicada à educação. Cada Estado promove os seus jogos e o COB, cheio de soberba, entra no final para promover o evento dos campeões.

Com o passar do tempo os recurso da Lei Piva tornaram-se insuficientes para as Olimpíadas Escolares e o COB avisou que no ano seguinte somente participariam quem pagasse as suas próprias despesas de transporte. Alguns Estados ameaçaram cair fora, pois não tinham dinheiro para tanto.

Não se pode esquecer de que o COB fatura em cima das Olimpíadas Escolares. A Rede Globo paga para transmitir esses jogos, pois há um pacote desde que o Agnelo Queiroz transferiu para Carlos Arthur Nuzman a responsabilidade de realizá-los.

O esporte de base, educacional, desse ninguém quer saber, nem governos, nem COB.

Categorias olimpismo

5 comentários em “O Faz de Conta das Olimpíadas Escolares do Comitê Olímpico Brasileiro.

  1. Caro Alberto,

    seu texto é perfeito. É importante lembrar que o desporto escolar e universitário praticamente se limita às suas Olimpíadas. Não existe um trabalho efetivo de base nas escolas e universidades. Apenas se faz as Olimpíadas e alguns poucos se mobilizam para participar. E os governos e o COB lavam as mãos.

    Abraços,

    Nagato

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  2. É por estas e outras que comseguimos um monte de medalhas nas competições.

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  3. conseguimos

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  4. Alberto, fiquei sabendo outro dia que a ‘Queda do Tijolo’ (em cabeça de aluno) e o ‘Choque Elétrico’ estão entre as modalidades mais praticadas em nossas escolas públicas.

    Tenho a impressão que vêm aí uma geração fantástica de atletas para 2016.

    Vc não concorda ?

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  5. O quarteto Rafael Grecca-Carlos Melles-Agnelo Queiroz-Orlando Silva perfaz 16 anos de administração do nosso esporte.
    Alguém esperava que com os currículos esportivos, políticos e gerenciais desses senhores pudessem produzir coisa melhor ?

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