A boa reportagem de Paulo Roberto Conde, hoje, na Folha de São Paulo, indica que a comissão “estatuinte” encarregada de modernizar o Comitê Olímpico do Brasil (“COB”), está inclinada a propor que o dinheiro público arrecadado pelo órgão não tenha seus destinos administrados pelo presidente, ao seu bel prazer, como é atualmente.
Até hoje, o ex-presidente do COB impunha suas vontades aos atletas, técnicos e Confederações e usava o dinheiro público da Lei Piva para ameaçar o estrangulamento das modalidades olímpicas brasileiras e trocar os repasses por apoio político. Sempre achei muito poder nas mãos de uma pessoa só, administrar tanto dinheiro público, sobretudo quando essa pessoa não tinha bons propósitos. Sempre defendi em vários escritos e pronunciamentos que a decisão sobre os destinos do dinheiro da Lei Piva deveriam ser descentralizados.
A matéria de Paulo Roberto Conde mostra que seria criado um conselho de administração independente, formado por gente intimamente ligada ao esporte e por representantes da sociedade, a quem caberia estabelecer as formas de repasse dos recursos para as modalidades. Esse pode ser o melhor caminho, se esse conselho de administração for composto por gente competente, bem intencionada e, principalmente, pessoas novas, que estejam desapegadas das práticas velhacas dos antigos dirigentes. Há de ser gente nova, com espírito independente, de reconhecida competência e ilibada reputação. Não adianta nada encher o conselho dos mesmos enganadores que, há anos, gravitam em torno do poder esportivo, como se fossem grandes gestores e são apenas embusteiros. E não basta ser atleta, porque muitos deles estão aí, desfrutáveis e ardilosos, caminhando de mãos dadas com essa turma que jogou na lama o esporte nacional.