O repórter investigativo Lúcio de Castro, da ESPN Brasil, tem publicado uma série de reportagens com constatações e provas seríssimas de descalabro financeiro e pagamentos de comissões indevidas e suspeitas na Confederação Brasileira de Vôlei (“CBV”). As informações e provas divulgadas por Lúcio de Castro tiveram repercussão mundial e cairam como uma bomba no colo na CBV e do Comitê Olímpico Brasileiro (“CBV”). Seus dirigentes deram declarações protocolares, desculpas esfarrapadas, escreveram cartas ridículas e o que fizeram, a partir daí, foi desesperadamente tentar abafar o caso. Nessas horas, melhor seria, se esses cartolas não têm nada a temer, lutar pela apuração do caso, com total transparência. Mas não estão agindo assim.
Enquanto isso, vimos, recentemente, o sempre fortíssimo time de vôlei masculino do Brasil vencer partidas em condições difícies e perder para seleções que em condições normais não aconteceria. Quem acompanhou os jogos recentes da Liga Mundial viu que o time masculino do Brasil jogou bem abaixo de suas potencialidades e muito diferente daquilo que estamos acostumados a ver. E que não se fale que “não tem mais bobo no vôlei”, porque ainda que hoje outras seleções possam ter melhorado, o Brasil sempre foi muito superior a elas.
Podem existir vários fatores para essa queda de produção da seleção masculina, alguns que talvez nunca saberemos e que Bernardinho e os jogadores guardarão para eles. Pode ser apenas uma questão de erros técnicos e táticos momentâneos que serão devidamente corrigidos.
Mas não podemos ignorar que a crise moral que se abateu sobre a administração da CBV, com grandes repercussões no Brasil e no exterior, pode, sim, ter havido algum reflexo no time. É possível que os jogadores e a comissão técnica ao verem as matérias e as provas de Lúcio de Castro tenham sentido-se traídos, apunhalados pelas costas e sobre eles caído um abatimento.
Eu ví na televisão e lí nos jornais entrevistas do técnico Bernardinho e de alguns jogadores utilizando-se expressamente esse termo, “traição” por parte da CBV e pedindo apuração total dos fatos, com responsabilização dos culpados.