Número de Medalhas Olímpicas, Muitas, ou Poucas, Não Refletem a Realidade Esportiva de um País.

Se tudo der muito certo, o Brasil pode sair de Londres com a sua melhor participação em Jogos Olímpicos. Mas como a diferença entre dar tudo certo, ou não dar, em Olimpíada, caminham lado a lado, também pode ocorrer de nosso país deixar a capital inglêsa com número de medalhas pífio. Em Jogos Olímpicos, as diferenças entre o primeiro e o oitavo são milimétricas. Não se pode titubear e o trabalho de quatro anos se desperdiça.

Seja lá qual for o desfecho da delegação do Brasil em Londres, bom, ou ruim, em nenhuma hipótese estará refletida a realidade esportiva da nação. Não é o número de medalhas que determina se o país caminha no rumo certo na área de esportes. Pelo contrário, muitas vezes, medalhas obtidas em Jogos Olímpicos servem para mascarar a situação de penúria e desencontro pela qual passa o esporte. E acho que esse é o caso do Brasil.

Desde a lei Piva o esporte olímpico tem sido brindado com muito dinheiro. Além das verbas das loterias, há os investimentos das estatais e os repasses do Ministério do Esporte, bem como os projetos decorrentes da lei de incentivo. Porém, durante todo esse período, o esporte de base no Brasil não avançou um metro sequer. Seguimos carentes de uma política nacional de esportes de longo prazo. O Estado e a cartolagem estão mais interessados em buscar algumas medalhas, do que pensar no esporte social, massificado, cujas medalhas seriam, futuramente, consequência desse trabalho.

Notem que em Londres o Brasil ganhará medalhas nos esportes que há muitas décadas nos brindam com pódios. Talvez a ginástica olímpica possa ser, tomara, a exceção. Modalidades como remo, canoagem, esgrima, luta olímpica, levantamento de peso, por exemplo, continuam reféns da administração equivocada e elitista que os dirigentes lhes impoēm goela abaixo. E isso ocorre justamente porque, mesmo com tanto dinheiro, não se deu a devida atenção àqueles que necessitam mais.

O Comitê Olímpico Brasileiro diz que sua meta é 2.016. Ocorre que até 2.016 já não há tempo suficiente para moldar medalhistas olímpicos. Acho que a geração que vai a Londres está mais preparada do que aquela que em 2.016 estará em idade olímpica. Por causa disso, está mais do que na hora de o governo, Comitê Olímpico, Confederações e Federações unirem-se para traçar a necessária política nacional de esportes.

Ao contrário do que se diz, vislumbro que a fase pós Rio 2.016 pode vir a ser desastrosa, se não houver, desde já, o planejamento necessário. Autoridades governamentais e esportivas falam de 2.016 como se os Jogos Olímpicos no Brasil tivessem um fim em si mesmo. É fundamental que se busque o comprometimento de que empresas públicas e privadas que hoje apoiam o esporte, continuem fazendo após 2.016. Sem esquecer dos clubes, claro, que são a célula mater do esporte nacional. E que os investimentos não sejam efetuados de forma aleatória e concentradas no alto rendimento. Mas que o sejam em uma plataforma planificada, que estude e pense o esporte do Brasil a longo prazo.

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2 comentários em “Número de Medalhas Olímpicas, Muitas, ou Poucas, Não Refletem a Realidade Esportiva de um País.

  1. Prezado Alberto
    Seu comentario é perfeito..!!!!Sintetiza exatamente o que penso tb e creio que a grande maioria dos profissionais do esporte no Pais.. Essa é a tecla a ser batida …… gde abraço

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  2. Obrigado Professor. Abraços.

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